02 Nov 2020 O novo romance de Mia Couto, «O Mapeador de Ausências», está nas livrarias a partir de 3 de novembro, editado pela LeYa/Caminho. Este é o primeiro livro de Mia Couto depois da trilogia As Areias do Imperador, terminada em 2017. A primeira
apresentação pública do romance aconteceu no dia 28 de outubro, na cidade da
Beira, em Moçambique, cidade onde decorre a acção de «O Mapeador de Ausências»,
no qual a vamos conhecer em dois planos temporais: a Beira actual, nos dias que
antecederam o grande ciclone de 2019, e a Beira de há 47 anos, em 1973, ainda
sob domínio português e imediatamente antes do fim da guerra colonial. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ «O Mapeador de
Ausências» é um romance de grande fôlego cuja ação decorre no Moçambique pré e
pós- independência. Dezenas de extraordinários personagens, tão ricos quanto
diversos e complexos, e uma intriga que se vai desenrolando diante do leitor
com tanto de rigor lógico quanto de inesperada surpresa, fazem deste romance
uma das melhores obras do autor e um dos grandes livros do ano. Sobre o livro Diogo Santiago
é um prestigiado e respeitado intelectual moçambicano. Professor universitário
em Maputo, poeta, desloca-se pela primeira vez em muitos anos à sua terra
natal, a cidade da Beira, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019, para
receber uma homenagem que os seus concidadãos lhe querem prestar. Mas o regresso
à Beira é também, e talvez para ele seja sobretudo, o regresso a um passado
longínquo, à sua infância e juventude, quando ainda Moçambique era uma colónia
portuguesa. Menino branco, é filho de um pai jornalista e sobretudo poeta, e de
uma mãe toda sentido prático e completamente terra-a-terra. Do pai recorda o
que viveu com ele: duas viagens ao local de terríveis massacres cometidos pela
tropa colonial, a sua perseguição e prisão pela PIDE, mas sobretudo, e em tudo
isto, o seu amor pela poesia. Mas recorda também, entre os vivos, o criado Benedito (agora dirigente da FRELIMO)
e o seu irmão Jerónimo Fungai, morto a tiro nos braços da sua amada, a bela e
infeliz Mariana Sarmento, o farmacêutico Natalino Fernandes, o inspector da
PIDE Óscar Campos, a tenaz e poderosa Maniara, e muitos outros; e de entre os
mortos sobressaem o régulo Capitine, que vê uma mulher a voar, o soldado
Sandro, que nasceu antes do seu século, e, acima de todos, Ermelinda, também
conhecida por Almalinda por quem tem dificuldades com os erres e com os eles. Paralelamente,
na actualidade, uma história de amor que talvez não tenha chegado a sê-lo.
Depende do ponto de vista. |